As pessoas com
transtorno do espectro autista (TEA) representam cerca de 1% da população
mundial, de acordo com a Sociedade Americana de Psiquiatria (American
Psychiatric Association). Este grupo expressivo apresenta índices elevados de
doenças odontológicas, em função das dificuldades na higienização.
No Brasil, houve
avanços consideráveis na oferta de tratamento a pacientes autistas em
consultórios e clínicas privadas. O método tradicional de sedação do paciente
com anestesia geral antes do início dos procedimentos vem aos poucos sendo
substituído por um tratamento humanizado.
“O primeiro passo é
uma consulta com os pais ou cuidadores. Em seguida, o paciente autista assiste
em casa a um vídeo de animação, que explica o procedimento odontológico. O
autista precisa de previsibilidade das ações,” afirma Adriana Zink, que há 22
anos trata pacientes autistas em São Paulo.
No consultório,
relata Adriana, o paciente autista tem a opção de começar brincando em um
tapete no chão. A partir da segunda consulta, quando já está familiarizado com
o tratamento, muitos pacientes vão diretamente para a cadeira.
Alguns pacientes
resistem ao tratamento e se faz necessário o uso no consultório de um
estabilizador. Nas situações extremas, é necessário sedar o paciente, o que
geralmente é feito em um hospital. O objetivo é reduzir o número de pacientes
tratados por meio de sedação e estabilizador.
“Nossa sociedade
está avançando no sentido da inclusão de pessoas com necessidades especiais, o
que é muito positivo. A Odontologia precisa estar em linha com este esforço,
trabalhando pela humanização dos tratamentos,” afirma Juliano do Vale,
presidente do CFO.
Se houve progressos
consideráveis no acesso de pacientes autistas ao tratamento na rede privada,
afirma Adriana, o atendimento na rede pública ainda continua a ser um desafio.
As Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Centro de Especialidades Odontológicas
(CEO) têm poucos cirurgiões-dentistas com especialidade em Odontologia para
Pacientes com Necessidades Especiais.
“A solução seria o
Ministério da Saúde promover um programa de capacitação em massa dos
cirurgiões-dentistas das UBS,” sugere Adriana. “É muito importante também que a
Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais se torne uma disciplina
obrigatória nas faculdades.”